Síndrome
de Ehlers – Danlos do tipo IV
O
que é
A síndrome
de Ehlers-Danlos,
também conhecida pelo nome cútis elástica, trata-se de uma rara
patologia hereditária do tecido conjuntivo, resultante de um defeito
na síntese de colágeno (tipo I ou III).
O colágeno é um componente do tecido
conjuntivo que auxilia os tecidos a resistir à deformação. Este
defeito hereditário pode ter causas distintas. Pode tratar-se de um
defeito na atividade do procolágeno peptidase na retirada das
extremidades não-helicoidais do procolágeno, ocasionando a formação
de fibrilas colágenas defeituosas, bem como uma mutação do gene
responsável por codificar a enzima lisil-hidroxilase, essencial para
a modificação pós-transacional da lisina em hidroxilisina, levando
à redução da resistência da molécula de colágeno.
Antigamente, existiam 10 tipos
reconhecidos desta síndrome. No ano de 1997, estudiosos propuseram
outra classificação que diminuiu para 6 tipos, sendo estes os
principais, embora possam existir outros. São eles:
- Hipermobilidade (tipo 3): acomete 1 em cada 10.000 a 15.000 nascidos vivos, causado por um gene autossômico dominante ou autossômico recessivo. A hipermobilidade é a característica marcante deste tipo da síndrome de Ehlers-Danlos.
- Clássico (tipo 1 e 2): acomete cerca de 1 em cada 20.000 a 50.000 nascidos vivos, resultante de uma herança autossômica dominante, alterando o colágeno tipo IV, bem como o tipo I. O tipo 1, habitualmente apresenta-se com envolvimento severo de pele, enquanto o tipo 2 apresenta-se com brando a moderado comprometimento de pele.
- Vascular (tipo 4): trata-se de um defeito de caráter autossômico dominante da síntese do colágeno tipo III, acometendo aproximadamente 1 em cada 100.000 a 250.000 nascidos vivos. Este tipo é considerado um dos mais graves da síndrome em questão, pois os vasos sanguíneos ou órgãos são mais propensões a sofrer rupturas. Pacientes com este tipo da síndrome de Ehlers-Danlos normalmente apresentam características faciais típicas, como olhos grandes, queixo pequeno, nariz e lábios finos; estatura pequena; pele delgada, translúcida e pálida. Aproximadamente 1 em cada 4 portadores do tipo vascular da síndrome desenvolvem um sério problema de saúde por volta da segunda década de vida, e mais de 80% desenvolvem complicações com risco de vida ao redor da quarta década de vida.
- Cifoescoliose (tipo 6): trata-se de um defeito hereditário autossômico recessivo, em decorrência da deficiência da enzima lisil hidroxilase. Esta forma da síndrome é muito rara, havendo menos de 60 casos relatados até o momento. Caracteriza-se por uma curvatura da coluna vertebral que evolui com o tempo, olhos frágeis e intensa fraqueza muscular.
- Arthrochalasia (tipo 7A e 7B): esta forma é rara, apresentando aproximadamente 30 casos relatados, e ocorre devido a um comprometimento do colágeno tipo I. Caracteriza-se por articulações altamente soltas e instáveis, acometendo os quadris, o que pode resultar em osteoartrite e graves fraturas.
Sintomas
As manifestações clínicas variam de
acordo com o tipo da síndrome de Ehlers-Danlos que o paciente
possui. Os principais sinais clínicos e sintomas englobam:
- Articulações instáveis, propensas a entorses, luxações, subluxações e hiperextensão;
- Início precoce de osteoartrite;
- Fácil ocorrência de contusões;
- Disautonomia, comumente acompanhada por doença cardíaca vascular;
- Fadiga crônica;
- Pés chatos;
- Palato alto e estreito, o que leva à apinhamento dentário;
- Propensão a infecções torácicas e nos seios;
- Ocorrência de necrose cística da túnica média, devido à fragilidade dos vasos sanguíneos, com propensão ao desenvolvimento de aneurisma aórtico;
- Pele fina, translúcida, em muitos casos, e que pode ser elástica;
- Problemas de cicatrização;
- Tônus muscular reduzido e presença de fraqueza muscular;
- Mialgia e atralgia.
Pode-se alcançar o diagnóstico por
meio da observação clínica. Estudos do DNA e outros bioquímicos
podem auxiliar na identificação dos indivíduos acometidos. Biópsia
de pele é outro exame que pode ser útil na confirmação do
diagnóstico. No entanto, estes testes não são suficientemente
sensíveis na identificação de todos os indivíduos acometidos pela
síndrome de Ehlers-Danlos. Caso haja vários indivíduos acometidos
pela síndrome em uma família, é possível fazer o diagnóstico
pré-natal por meio de um estudo de DNA do feto.
Tratamento
Não existe cura para esta síndrome;
contudo, o tratamento pode ajudar a gerir os sintomas e evitar
complicações posteriores. A fisioterapia pode ser útil no
fortalecimento da musculatura sem ocasionar lesões, auxiliando na
estabilização de articulações e diminuição da dor e fadiga
muscular. O uso de medicamentos, como anti-inflamatórios e
anestésicos tópicos podem ajudar a minimizar dores articulares ou
musculares. Existe também a possibilidade de tratamento cirúrgico,
para corrigir articulações danificadas e luxações repetidas; no
entanto, este raramente é indicado, devido à fragilidade da pele.
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